A Evolução da Profissão de Tradutor e Intérprete de Libras no Brasil - Quem somos e para Onde vamos.
- Nathalia Vieira
- 4 de jul. de 2023
- 6 min de leitura

Como surgiu a profissão de Intérprete e Tradutor de Libras? E o qual o futuro dela no horizonte?🤔
Desde de meados da década de 80 a comunidade surda sinalizante se fortalece e cria políticas públicas em direção à garantia de seus direitos linguísticos.
Se quiser saber mais leia este post que comento o documentário da Netflix Crip Camp.
Isto impulsionou a profissionalização das pessoas que ocupavam a função de mediadores da comunicação entre surdos e ouvintes.
Parentes, amigos e membros de comunidades religiosas eram os que normalmente eram vistos como intérpretes. 👨 👩 👧 👦⛪️
Eles "ajudavam" os surdos. Depois a demanda foi crescendo, a população surda foi se organizando politicamente e conquistando seu espaço de direito. 🧏🏽 ♀️
Na década de 2000 a sua língua, a Libras, foi reconhecida, o direito linguístico à acessibilidade na educação, saúde, justiça e meios de comunicação também foram transformados em leis, tais como o Decreto 5626/2005 e a LBI/2015.
Assim, surgiram as primeiras graduações para formação dos profissionais intérpretes e Tradutores, como o Comunicação Assistiva (PUC Minas) e o Letras Libras (UFSC).👩🏽 🎓
Em 2010 a lei 12.319 que reconhece e regulamenta a profissão foi sancionada.
Eu sou dessa geração🙋🏽 ♀️, e nossas expectativas eram altas de que a acessibilidade em Libras fosse devidamente implantada em todos os espaços.
DA EXPECTATIVA Á REALIDADE
Mas depois de várias reviravoltas políticas e econômicas 📈 nossas esperanças foram frustradas.
O próprio documentário que citei no inicio nos faz refletir as contradições. Como falar sobre as pessoas com deficiência, sobre elas terem os mesmos direitos de ir e vir, de se comunicar, de estudar, trabalhar e ter autonomia como qualquer outro cidadão sem pensar se essas mesmas pessoas vão ter acesso a essa reportagem ou documentário?
Tudo deveria ser acessível, mas o lema "NADA SOBRE NÓS SEM NÓS" nos lembra quão absurdo é falarem sobre PCDs, falarem sobre os Surdos e as línguas de sinais sem ao menos disponibilizar esse conteúdo de forma acessível.
A Constituição de 1988 garante o direito de igualdade às pessoas com deficiência, e a INSTRUÇÃO NORMATIVA N°128/2016 garante o direito ao conteúdo audiovisual acessível ao estabelecer que as empresas de produção, distribuição e exibidoras de conteúdo devem adequar suas atividades as normas de acessibilidade audiovisual.
A sociedade está cada vez mais ciente das vantagens mercadológicas da acessibilidade para os mais de 36 milhões de cidadãos com deficiência visual ou auditiva, mas ainda assim...
Nesse momento é que a fala de Judy Heumann, no próprio documentário, cala fundo: "por um lado eu sinto que deveria dizer que estar tudo maravilhoso, mas não acho que só devemos falar sobre isso. Eu estou cansada de ser grata por banheiros acessíveis, estou cansada de me sentir assim, ter que ser eternamente grata por ter banheiros acessíveis. Quando serei vista como igual na comunidade?"
Pessoas surdas sinalizantes não se veem como pessoas com deficiência, afinal o direito linguístico que exigem é uma acessibilidade de via de mão dupla, pois tanto os surdos quanto os ouvintes estão no seu país e ambos os lados necessitam da mediação na comunicação, precisam dos serviços de TRADUÇÃO e INTERPRETAÇÃO.
O grande problema é que hoje existem muitos cursos de formação de baixíssima qualidade e um número cada vez maior de pessoas que se intitulam intérpretes, mas não tem a habilidade técnica nem a expertise para estar no mercado.

Desde escândalos homéricos como falso intérprete de língua de sinais no velório de Nelson Mandela (clique aqui para saber mais).
Até a falsa acessibilidade que nos é comum no cotidiano e nem sempre é denunciada. Mas que, não se engane, mancha sim a reputação de todos os envolvidos (veja um exemplo clicando aqui).
Resultado?
Aqueles que são profissionais de verdade, com qualidade e responsabilidade, tem procurado caminhos para mudar esta realidade.
O FUTURO NO HORIZONTE
A categoria tem se organizado em associações, que por sua vez, se unem à Federação Brasileira de Associações de Tradutores, Intérpretes e Guia-intérpretes (Febrapils).
Também há o SINTRA - Sindicato Nacional dos Tradutores, em que nos reafirmamos como em primeira instância Tradutores e Intérpretes, como de quaisquer outras línguas orais.
Mais que isso, temos nos fortalecido procurando nossos pares em propósito e missão, nos qualificando cada vez mais academicamente e profissionalmente.
Foi este o caso do SOTILS, um seminário incrível, que tive o prazer de palestrar sobre Ser Tradutora e Intérprete Audiovisual e como ser Linkedin Creator é parte importante nos diferenciais que ofereço.
Você não faz ideia da oportunidade incrível de troca de conhecimento e experiência com grandes nomes tais como o professor Carlos Henrique, Hanna Beer, Paloma Bueno, Jade Moia.
Além de ter reunido grandes empresas e marcas dos mais diversos nichos da área, muitas delas tenho o orgulho de ter no meu mural de parcerias / atuação no meu site. ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
Sou extremamente grata ao Wharlley dos Santos e à toda equipe da Academia Trados pelo convite, carinho e confiança.
E desejo que o Seminário SOTILS seja modelo para outras iniciativas semelhantes para que assim as esperanças da nossa classe se renovem.
O futuro da profissão de Tradutores e Intérpretes intermodais, ou seja se Línguas orais e línguas de sinais, dependem desse movimento coletivo.
Muita gente me pergunta o que é preciso para se tornar um Tradutor Intérprete de Libras-Português (TILSP).

E como disse no podcast e na palestra é super possível se tornar o que o mercado quer e ainda assim alinhar seus valores e propósito na minha área.
👉🏽 1° Aprenda Libras
Você não pode querer se tornar Intérprete de uma língua que você não domina. Estudamos pelo 6 anos de inglês somando ensino fundamental e médio, ainda assim todos temos condições de traduzir inglês? Pense nisso.
👉🏽 2° Escolha uma formação acadêmica de qualidade 🎓
Meu curso, Comunicação Assistiva era muuuuito bom na época, há 14 anos, mas hoje a opção ideal para a nova geração de profissionais é o Bacharelado em Letras Libras.

👉🏽 3° Conviva com a Comunidade Surda
Nenhuma formação por melhor que seja vai valer se você não mergulhar na cultura surda e tiver contato com a língua em diferentes espaços e diferentes falantes.
💎DICA DE DIAMANTE - formação continuada diversa e alinhada com seu propósito.
Todos os intérpretes e tradutores do par linguístico que trabalho viveram e viverão mudanças drásticas de cenário, mudanças que tradutores e intérpretes de outros pares linguísticos talvez não passaram.
Ainda assim enfrentamos desafios em comum, a mudança rápida e impositiva das tecnologias e da inteligência artificial, reviravoltas políticas e econômicas que nos fazem ter que acelerar o passo para acompanhar tantos avanços.
Mas a rapidez muitas vezes pode ser positiva, democratizando o acesso ao conhecimento, acelerando a pesquisa científica sobre nossa saúde e ergonomia, trazendo novos espaços e modelos de trabalho para nós intérpretes e para as pessoas surdas.
a rapidez muitas vezes pode ser positiva, democratizando o acesso ao conhecimento, acelerando a pesquisa científica sobre nossa saúde e ergonomia, trazendo novos espaços e modelos de trabalho para nós intérpretes e para as pessoas surdas.
No SOTILS discutimos isso e muito mais com os pesquisadores e profissionais que estão na vanguarda dessas mudanças. Então mude sua forma de pensar e ver o mundo.
Desejo que o modelo de sustentabilidade social e cooperativismo econômico sejam os ladrilhos pro futuro de uma sociedade mais acessível na comunicação.
Que o modelo de sustentabilidade social e cooperativismo econômico sejam os ladrilhos pro futuro de uma sociedade mais acessível na comunicação.
Uma sociedade com menos discursos de diversidade e inclusão e mais práticas.
E aí, conhecia a história da minha profissão? Já participou de eventos como o SOTILS? Comente aqui em baixo👇🏽
#AssuntoDaSemana #tradutor #interpretedelibras #acessibilidadeemlibras #ESG #ODS #DiversidadeeInclusão
**Artigo publicado originalmente no Blog do site www.nathaliavieiralibras.com.br
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SOBRE A AUTORA
Com formação acadêmica especializada em Comunicação Assistiva - Libras e Braille e em Tradução e Interpretação, Libras-Português.
Tenho +14 anos de experiência atuando nas principais instituições referência na área, tais como FENEIS (Federação Nacional de Educação e Inclusão do Surdo), PUC Minas, CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Área da Surdez da Secretária de Educação do Estado de Minas Gerais), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e hoje autônoma e freelance com uma marca pessoal de peso no mercado.
Conhecida na comunidade surda como uma sinalização marcante e parecendo ser Surda, com expertise em Tradução audiovisual, acadêmica, empresarial e publicidade;
Interpretação Simultânea remota e presencial de conferências, lives, cursos, congressos, treinamentos e outros; além de ser Guia-intérprete em diferentes tipos de comunicação.
Com diferencial de um Home Studio Profissional com equipamentos de ponta. Acessibilidade com qualidade de verdade. Preço e prazos justos.
Vamos conversar?
contato@nathaliavieiralibras.com.br